A Personificação da Política

Imagens meramente ilustrativas. Fontes: Pixabay, Gazeta do Povo

Por que sempre buscamos heróis e salvadores da pátria para resolver os problemas de nossa sociedade?

Você já notou que, a cada momento da política nacional, aparecem novos super-heróis? Isso, sem falar nos vilões que se contrapõem, dividindo opiniões que, muitas vezes, os alternam de posição. E, cada vez mais, essas figuras dividem a opinião pública exatamente pela metade.
Mas, será que isto é um problema brasileiro? Se olharmos para o mundo, veremos que não. Aqui mesmo em nossa vizinhança bolivariana, vemos surgir maduros, chaves e a velha oposição, só esperando o momento oportuno para implantar uma nova forma de ditadura. Será que há mesmo heróis e vilões nesse cenário? E o tio Sam? Até mesmo a mais consolidada democracia do mundo tem caído nas artimanhas da política personificada. Duvida disso? Então experimente conversar com meia dúzia de norte-americanos e surpreenda-se com a incrível polarização de opiniões! Apesar das “trapalhadas” e controvertidas posturas de seu truculento presidente, há quem o ame e o odeie. Essa polarização tem crescido vertiginosamente em todo o mundo.
Mas, qual a origem de tudo isso? Porque insistimos em depositar todas as nossas fichas em pessoas ao invés de em ideias e projetos?  Ao olharmos para as sociedades mais desenvolvidas como a da Escandinávia, percebemos um enfraquecimento da persona política, que se submete aos ideais de sua sociedade, fazendo prevalecer os partidos e o estado sobre a pessoa de quem o lidera. Nesses países não há fome. Serviços como saúde e educação são exemplares, gratuitos e bem distribuídos. Não se vê políticos desfilarem com jatinhos e gordas contas bancárias.
Em contraponto a tudo isto, aqui no Brasil, se um político consegue fazer algo de bom pela sua sociedade, por menor que seja, aquilo que é amplificado exponencialmente e é motivo de sua redenção, elevando-o ao patamar de um super-herói. No entanto, precisamos entender que ele não fez mais que sua obrigação, e que, aquilo que é exceção, deve se tornar regra, pois pagamos muito caro pelos seus salários. A visão deturpada de nosso povo em relação a essas figuras tem que mudar. Políticos não têm que ser milionários. Eles não têm que voar de jatinhos ou andar em carros de luxo. A presidente da Alemanha, Ângela Merkel, anda de Gol, com muito orgulho, pois seu carro é de uma respeitada e antiquíssima indústria nacional. Os presidentes e primeiros ministros das nações escandinavas se deslocam em voos comerciais, sem luxo ou qualquer regalia que os diferenciem de cidadãos respeitadíssimos em seus países, como professores e médicos. Digo professores e médicos porque, no Brasil, somente políticos, empresários e lobistas ocupam esses assentos.

É, companheiros, precisamos nos inspirar em quem já conseguiu galgar, em sua longa e árdua trajetória, os caminhos que podem nos levar a ser o tão sonhado Brasil de primeiro mundo. Um Brasil onde o povo possa desfrutar de uma rede de saúde pública tão ou mais eficiente do que a particular. Um Brasil onde não haja tantas diferenças sociais entre os mais ricos e os mais pobres. Um Brasil sem heróis, mocinhos ou bandidos na política. Um Brasil que possa dar o exemplo de solidariedade aos seus filhos e aos seus irmãos de países vizinhos. Um Brasil acolhedor, próspero e respeitoso para todos, em todos os lugares.


Por David Stephen
03/03/2019
www.davidstephenbarros.blogspot.com

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