O Segredo das Empresas e Profissionais Focados

Olá nobre colega.  Começo o artigo de hoje com uma contação de história.  Essa não é uma história inédita.  Talvez você, caro leitor, já a tenha ouvido antes, mas peço novamente a sua atenção, paciência e valiosa reflexão.  

O engenheiro de um canteiro de construção pediu para seu mestre de obras selecionar um pedreiro para ser promovido.  Para isto, pediu que ele entrevistasse dois deles em especial.  Naquela manhã os dois estavam, coincidentemente, trabalhando em cima de uma mesma peça: um muro que arrodearia a igreja que estava sendo construída.  Sorrateiramente, e sem alarde, o já experiente mestre de obras se achegou a um deles e perguntou, inocente e despretensiosamente: "Bom dia José.  O que você está fazendo agora?"  Meio que desconfiado, José, o candidato número um, respondeu sem afetação: "estou rebocando essa parte do muro com argamassa, mas não demoro, termino isso já já...".  Após breve conversação, o velho mestre se dirigiu ao candidato número dois: Antônio.  Aproximando-se ele repetiu a mesma pergunta: "Bom dia Antônio. O que você está fazendo agora?".  O pedreiro, sem perceber as verdadeiras intenções daquela pergunta aparentemente sem propósito, parou um pouco de acimentar um tijolo, respirou, olhou para o alto da cúpula da edificação que já aparecia em meio aos andaimes e verbalizou a seguinte frase: "Estou ajudando a erguer esta linda igreja". O bom e velho mestre de obras abriu um sorriso e, com o semblante de aprovação, balançou afirmativamente a sua cabeça e, pensando alto, confabulou consigo mesmo: "Já sei quem será promovido".

A todo momento nos deparamos com empresas, as vezes bem sucedidas, que, após um surto de crescimento, não conseguem mais gerar o mesmo resultado de outrora.  Um dos principais inimigos da produtividade é a mecanicidade.  As equipes, sob a desculpa da melhoria dos processos que se esconde por trás das inúmeras bandeiras de certificação: ISO, CMMI, ITIL, entre outras, sucumbem a pequenas organizações que emergem dos quintais e garagens, como as velhas conhecidas Microsoft, Apple e Google um dia fizeram.  Essas empresas não tiveram nenhuma certificação e, sem recursos tecnológicos arrojados e, muitas vezes sem dinheiro no bolso, conseguem construir grandes negócios, quebrando paradigmas e superando seus concorrentes, independente de pompas e tamanhos.

Mas o que faz pequenas empresas derrubarem grandes impérios como fez a Microsoft coma IBM na década de 80?  Como faz a Google com a Microsoft nos tempos de hoje, e certamente farão outras com a Google, entrando nesse ciclo virtuoso de novo e de novo e de novo?

A resposta é simples e direta: Foco no negócio.  Isaac Newton nos revelou a Lei da Conservação da Energia.  Uma das mais incontestáveis leis naturais do universo.  É incrível como o Ser Humano subestima esta Lei na medida em que desfoca seus negócios, dispersando a energia de sua equipe, que é uma só, abrindo um leque de atividades divergentes e, consequentemente, gerando oportunidades de serem superadas em cada um se seus tentáculos por minúsculos negócios que emergem nos diversos quintais desta aldeia global.

Mas qual a solução para este problema?  Existe receita de bolo?  Como fazer grandes organizações continuarem gerando lucros e crescimento no mesmo ritmo de antes?  A resposta é simples, direta e objetiva: FOCO.  As pessoas precisam manter o mesmo foco que a empresa tem como um todo sob seu negócio.  E quando falamos em foco no negócio, referimos-nos à convergência de objetivos, respeito à missão da empresa e olhar direcionado à visão no curto, médio e longo prazo da organização.  Em termos práticos, isto se consegue fazendo com que cada profissional da equipe compre a missão, os valores e a visão da empresa, exercitando tudo isto a cada dia, em cada atividade.  Este é sem dúvida o maior desafio dos gestores de qualquer organização: manter a motivação de seus pares em cima do foco da empresa.  A responsabilidade da alta gestão, por sua vez, definir claramente os objetivos da organização, não permitindo que as pessoas saiam de seus focos, mantendo-as dentro de suas áreas de atuação.  Se todos estiverem caminhando rumo ao mesmo objetivo, teremos o resultado da seguinte equação: "o somatório das energias das pessoas = energia da empresa".

Para a área de TI, especificamente, precisamos acabar com essa ideia de que Desenvolvimento Seguro é aquele que é formado por um conjunto de caixas pretas, como repositórios de objetos reutilizáveis.  Cada desenvolvedor de um time tem que ter a consciência plena e clara do que está sendo desenvolvido.  Ele tem que conhecer bem o perfil do usuário que vai utilizar a aplicação desenvolvida, e entender claramente o comportamento deste cliente.  O Segredo já não é mais a Alma do negócio.  O conhecimento precisa ser compartilhado para haver evolução.  Apropriar-se de códigos fontes não é mais a prerrogativa do sucesso.  Sucesso é o resultado de quem sai na frente e consegue manter o foco no seu cliente e, a reboque disto, convergir seus produtos para a superação das expectativas deste cliente.

Assim, caro gestor de TI (e de outras áreas), vamos nos comunicar mais.  Vamos ser mais claros.  Com menos segredos.  Menos caixas pretas.  E mais foco naquilo que realmente interessa: satisfazer e superar as expectativas de nosso cliente.  Que este sentimento esteja imbuído nas mentes de cada um de seus colaboradores e gestores.

Bons negócios !

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Você conhece a Matriz Circular em "Carrossel"?

Novo Ensino Médio, lançada a pedra fundamental

Empregabilidade ou Trabalhabilidade?